Revolução de 1930

  A Revolução de 1930 foi o movimento armado liderado pelos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sulque culminou com a deposição do presidente paulista Washington Luís em 24 de outubro.

Em 1929 lideranças do estado de
São Paulo romperam a aliança com os mineiros representada pela política do café-com-leite, e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista de Getúlio Vargas.

As eleições foram realizadas no dia
1º de marçode 1930 e deram a vitória a Júlio Prestes. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.

No dia
26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por João Dantas em Recife, por questões políticas e de ordem pessoal, servindo como um motivo para a mobilização armada. Logo em seguida, João Dantas seria assassinado. As acusações de fraude, o desontentamento popular devido à crise econômica causada pela grande depressão de 1929, o assassinato de João Pessoa e o rompimento da política do café com leite, foram os principais fatores que criaram um clima favorável a uma revolução. Vargas tentou várias vezes a conciliação com o governo de Washington Luís e só se decidiu pela revolução quando já se aproximava a posse de Júlio Prestes que se daria em 15 de novembro.

A revolução de 1930 iniciou-se no Rio Grande do Sul no dia
3 de outubro. Já no dia 10, Vargas lançou o manifesto "O Rio Grande de pé pelo Brasil" e partiu, por ferroviapara a entao capital brasileira, o Rio de Janeiro.

Esperava-se que ocorresse uma grande batalha em
Itararé, onde as tropas do governo federal estavam acampadas para deter o avanço das forças revolucionárias, lideradas militarmente pelo CoronelGóis Monteiro. Mas no dia 12 e 13 de outubro aconteceu o Combate de Quatiguá, que pode ter sido o maior combate desta Revolução. A batalha não ocorreu em Itararé,já que os generais Tasso Fragoso e Menna Barreto e o Almirante Isaías de Noronha depuseram Washington Luís, em 24 de outubro e formaram uma junta de governo. Jornais que apoiavam o governo deposto foram empastelados; Júlio Prestes, Washington Luíse vários outros próceres da república velha foram exilados.

No dia
3 de novembro de 1930, a junta militar passou o poder a Getúlio Vargas, encerrando a república velha.

A Revolucao de 1930 se inscreve na vaga de instabilidade politica que tomou conta da America Latina  na decada de 30, a qual produziu grandes agitacoes e golpes militares no Peru, Argentina, Chile, Paraguai, Cuba e nas republicas centro-americanas, no mesmo periodo. O que nao significa dizer, no entanto, que a revolucao de 30 nao tenha sido importante par o nosso passada. Pelo contrario, a revolucao de 1930 foi decisiva para a mudanca de rumos da historia brasileira.

A partir de 1930, a industria passa  ser mais prestigiado da economia, concorrendo para importantes mudancas na estrutura da sociedade. Intensifica-se o fluxo migratorio do campo para os centros urbanos mais industrializados, notadamente Sao Paulo e Rio de Janeiro, que adicionado ao crescimento vegetativo da populacao, proporciona uma maior oferta de mao-de-obra e o aumento do consumo.


A Revolução de 1930 e a política externa

Por garantir o cumprimento de todos compromissos internacionais assumidos pelo pelo Brasil, o Governo Provisório, instalado em 1930, não encontrou problemas para ser reconhecido internacionalmente.

Com a quebra da bolsa de Nova York de 1929, a recessão que se lhe seguiu e a conseqüente diminuição das exportações, certos aspectos da política externa brasileira se modificaram, e novos enfoques foram adotados. As transformações econômicas e sociais fizeram com que os detentores do poder a uma nova percepção do interesse nacional, visando contemplar outros segmentos da sociedade.

Com a finalidade de barganhar, no período que antecede a Segunda Guerra Mundial o Brasil fez "jogo duplo" em relação aos Estados Unidos e a Alemanha.
No final da década de trinta, quando o mundo ainda era multipolar, teria havido uma aposta brasileira nos Estados Unidos. Ao se alinhar à estes o Brasil não apenas atendia razões de natureza material, quanto reafirmava a continuidade de uma parceria e reconhecia a liderança americana ao prestigiar o pan-americanismo. Para assinalar a aproximação entre Brasil e Estados Unidos o país anunciou, em dezembro de 1933, a sua adesão ao Pacto Briand-Kellog.

O motivos da escolha dos Estados Unidos ao deixar a neutralidade foi que, além de faltar ao III Reich condições objetivas para atender às demandas brasileiras, há de se considerar o lastro histórico que existia no relacionamento do Brasil com os Estados Unidos. Não podendo também perder de vista a atração cultural e a política de aliciamento praticada por estes.

Para Cervo e Bueno, é importante também salientar a atuação conciliadora do brasil no continente americano, oferecendo mediação em conflitos da área, como o reatamento das relações diplomáticas entre Peru e Uruguai; na questão Letícia, entre Peru e Colômbia; e na Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai. Na sub-região platina as relações Brasil-Argentina caminharam bem nos aspectos comercial e diplomático.




A reforma administrativa do Ministério das Relações Exteriores

Por culpa da ineficiente e tarda burocracia que dominava os processos do Ministério das Relações Exteriores, o Governo Provisório publicou um decreto, em 15 de janeiro de 1931, no qual instituiria "um sistema de ativa e vigilante defesa dos nossos interesses na dura competição econômica, que é a característica dos dias atuais", segundo o promotor do decreto.

Além da criação de novos serviços, a secretaria de Estado redefiniu-se em Secretaria Geral, Departamento de Administração e Serviços de Documentação. Essa reforma foi complementada pela de 1938, promovida por Osvaldo Aranha, e estabeleceu efetivamente o quadro único da carreira de diplomata.

Segundo Cervo e Bueno, a primeira fusão dos quadros já permitiu que os funcionários alternassem o exercício de suas funções no exterior e no país, a fim de acompanhar a evolução tanto da realidade interna quanto externa e, conseqüentemente, o desempenho do ministério.




A Política Comercial

Por conta da depressão econômica que atingiu o mundo inteiro ao longo do ano 1930, houve todo um esforço governamental visando o incremento das exportações nacionais, pois estas vinham sendo prejudicadas.

Após 1930 o governo passou a desejar a revisão e uniformização dos tratados, coma finalidade de "regularizar" as relações comerciais. Para alcançar tais objetivos Getúlio Vargas manifestou a preferencia brasileira pelos tratados com a cláusula de nação mais favorecidarecomendada pelas conferências econômicas da Sociedade das Nações. Assim, o governo brasileiro deu início a sua nova política de relações comercias, que se revelou produtiva no tocante aos dados estatísticos oficiais.

Segundo relatórios, quando o chanceler do Governo Provisório renunciou à pasta - em 1933 - deixou firmados 31 acordos comerciais com cláusula incondicional e ilimitada de nação mais favorecida. Todavia, todos os tratados foram denunciados pelo Brasil em 1935, quando constatou que seus parceiros comerciais, principalmente europeus, estavam recorrendo a uma série de artifícios para tornar sem efeito a cláusula de nação mais favorecida, praticando protecionismo por novos métodos.

Para Cervo e Bueno é importante destacar a convocação da Conferencia Internacional do Café de 1931, pelo Governo Provisório, em decorrência da depressão econômica mundial. Nesta foi aprovado o projeto de criação de um Bureau Internacional do Café, que estaria incumbido de organizar estatísticas de produção, estimular o consumo, abrir mercados, buscar a redução de tarifas, estudar os meios de financiamento de sua indústria, comercias e transportar, e a tarefa de propaganda, em normas já estabelecidas.


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